quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Um outro ser habita o meu espelho


É assim que as pessoas me vêem?
Acho que não reconheceria se por um acaso encontrasse comigo na praça da cidade. Quem sabe eu diria: Acho que te conheço de algum lugar! Então eu responderia a outra de mim: Engraçado, eu também.
Observando-me no reflexo do espelho, fiquei confusa ao pensar que parecia ser outra pessoa la dentro. Como em uma cena de um romance da história da filosofia, parei em frente à ele e sorri, e mais que depressa o reflexo sorriu também. Acenei, e mais uma vez o movimento foi repetido. Olhei bem no fundo dos olhos azuis daquela garota que eu estava vendo, e depois de alguns longos minutos ela sorriu pra mim, sem que eu retribuísse aquele sorriso.
Estaria eu louca? Ou realmente existe sempre alguém do outro lado?
Ao acordar olho para o espelho e vejo aquela garota... não sei bem ao certo o que ela quer dizer me olhando daquele jeito, parece querer mandar algum recado.
E em todos os lugares que estou, ela está comigo.
Cada dia mais diferente, o olhar mais misterioso, o sorriso mais maduro, mas uma coisa não é estranha, são as lágrimas que remetem a de uma certa garotinha que eu via... a muitos anos atrás.

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Olhos Vendados



Eles se abraçaram e ela disse: " Você é o homem da minha vida." Com os olhos cheios de lágrimas ele pergunta:" Mesmo? Você é o amor da minha vida."
Foi como se aquela chuva acabasse num passe de mágica; como se o céu se abrisse e os pássaros voltassem a cantar.
Espere um pouco! Foi um sonho? Aonde estamos agora? Que lugar é esse?
As lágrimas eram a chuva que caía e escorria pela janela do quarto, e as palavras doces... essas não se sabe onde foram parar.
Uma vontade imensa de sair pela cidade e procurar aquele rapaz que havia dito palavras tão lindas. Aquele rosto, ela conhecia, não sabia bem ao certo de onde, mas tinha certeza que lá no fundo do seu coração ele havia morado por muito tempo.
Por que você desapareceu assim? Ainda vives em mim, ainda és parte de mim.
Já é tarde, logo vai amanhecer e eu não posso mais me conter, preciso de você agora!
Com os olhos vendados só é possível sentir; não fale mais nada; faça-me sentir que estais por perto e onde quer que estejas eu vou te buscar.

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Além Daqui



É muita informação, é muita gente, é um vazio, é loucura, é sanidade, é devaneio, é a solidão, é confusão, é o sol, o vento, a chuva, o tempo.
São homens, mulheres, crianças, velhinhos nas praças, nas ruas, nas casas, nas escadas, nas alturas.
O céu não é o limite, há muito mais além daqui.
O dinheiro, a tristeza, a dor, a falta, o medo, meu Deus, é difícil entender?
Ao menos se eu soubesse como agir, como pensar, como falar, como andar, como comer, como beber, como dançar, como sonhar, como voar... eu não sei voar. Eu não sei nada!
Queria olhar todos lá de cima e ver como são pequenos diante das grandezas da vida.
Queria saber o que existe acima das nuvens, e conversar com os pássaros, e que eles me entendessem, me ajudassem, me deixassem em paz.
Os carros, a gritaria, o choro, a vela, a lágrima, as correntes, mas pra que?
O fogo apagou, a chama desapareceu.
E essa risada que não sai da minha cabeça, esse olhar que se perdeu por dentre as curvas, mas tão cedo assim?