terça-feira, 28 de dezembro de 2010

A Culpa

ah, que se o amor não é mais como antes, meu bem, deve ser
do mundo que gira ou de uma outra mulher a culpa. Deve ser
do tempo que passa e das rugas distantes do rosto, mas vistas
de longe no fundo da alma; do gosto que muda de quando em vez.
Calma! espere por mim (de novo e sempre um carinho se fez).
Não vale a pena sangrar por sangrar, crescer de véspera,
fugir diante das palmas, lembrar de rolar um pranto, enfim...
não durma antes de sonhar

Fred Sommer e  Aureo Gandur

segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

O velho e o novo

O velho sonhou tornar-se novo, os dias passaram e de tanto persistir enfim tornou-se novo.
Insatisfeito, o novo tentou tornar-se só, sem amor, sem carinho, sem atenção, sem aquela canção, sem o cafuné. Ora! Se é novo, tem de ser diferente, revolucionário, impulsivamente errado, isso mesmo errado! E colocou em prática sua magnífica ideia de solidão.
Lá de longe, tão distante quanto uma luz no fim do túnel, estava o velho; triste decepcionado ao ver que seu futuro estaria arruinado por tamanho egoísmo do novo. Mesmo de longe senti um aperto, como um grito, uma lágrima. A dor do velho viria a tona? Desabrochara em mim?
O velho, com seus apítos e foguetes e bandeiras coloridas tentou de todas as formas chamar a atenção, mas eu estava distraída!
Quanta injustiça subestimá-lo, viveu tanto, aprendeu, sabe o que é amor, o carinho, a atenção, sabe cantar aquela canção, sabe fazer cafuné, sabe falar calmo, sabe ouvir, sabe entender. O novo ainda tem muito de aprender.
O novo caminhou por alguns dias dentro dos pensamentos meus; de tanto caminhar sozinho passou a falar consigo mesmo... uma metade insistiria na solidão a outra pedia pelo velho e seus ensinamentos.
Optou enfim pelo velho, que sentou ao seu lado e então ensinou-lhe a solidão, a solidão de ser só dois! "Não fique com toda essa solidão, aprenda a dividi-la com alguém."
Ainda hoje o novo não dorme tranquilo, parece-me que o velho um segredo esconde, não o deixa ser inteiramente "novo envelhecido"!
Dentro de mim é tudo tão certo, tudo tão completo, que assusta. Uma metade diz que é  primogênito, outra metade chora. Uma grande contradição, assim como  querer unir o velho ao novo! 


Venha sem chão me ensina
 a solidão de ser só dois
Depois te levo pra casa
Que o teu laranja é que 
me faz ficar bem mais

Maria Gadú



sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

Lembrete

Todo ano é assim: família, presentes, abraços, choro, lembranças, planos, música, comida boa ...
É natal, tempo em que paramos pra refletir sobre nossas atitudes para com o próximo. Não deveria ser sempre assim?
Geralmente é nessa época do ano em que acontecem campanhas de arrecadação de brinquedos, roupas, alimentos.
 É nessa época que pensamos nas diferenças existentes em nosso país e com certeza no mundo! Percebemos que enquanto estamos felizes com nossas árvores, presentes, luzes coloridas nas varandas, existe em algum lugar uma família, mesmo que pequena, sob uma casinha de madeira caindo os pedaços, sem sequer uma luz de lâmpada, ou comida, muitas vezes sem nada!
Não deveríamos pensar sempre neles?
Parece tudo mais bonito, tudo mais em paz, tudo mais farto. Não nada disso!! As coisas continuam iguais aos outros dias do ano. Deve acontecer algum tipo de mágica que abre os olhos de cada um de nós, e então, passamos a enxergar as pessoas a nossa volta!
Queria mesmo é que todo dia fosse natal, sempre esse olhar de solidariedade , sempre esse ar mais puro, essa brisa mais fresca, esse cheiro de amor e carinho, essa paz!


Feliz Natal

domingo, 5 de dezembro de 2010

Filosofias da Madrugada


Houve um tempo em que me importaria,
houve um tempo em que me ofenderia,
houve um tempo em que as minhas leituras seriam um pouco desagradáveis,
houve um tempo que tentaria ao menos me defender,
houve um tempo em que achava importante,
houve um tempo que eu respirava,
houve um tempo em que o dia passava devagar,
houve um tempo de solidão,
houve um tempo de alegria,
houve um tempo de insegurança...
Posso ser aquela, aquilo, uma, outra, outras, algumas, nenhuma, ninguém!
Posso ser uma boneca, um avião, um carrinho, um pássaro, uma girafa, posso ser o mundo!
O que isso interessa pra você?
Hoje é tempo de crescer, de esquecer, de dançar, de cantar, de VIVER!
Como dizia Sócrates " Sábio é aquele que sabe que nada sabe", então não penses que já sabes de tudo e que tuas certezas são de fato o que o jornal noticiou na semana passada; a noticia pode estar distorcida...
quem morreu? quem matou? quem traiu? quem sumiu?
Vamos organizar essa bagunça!